Viva a vida de morena.
E cantarolando uma letra solta, ela se enxugou.
Se enxugou da água que a molhou; no banho que ela tomou.
Secou os cabelos bem lisos em meio a um turbilhão de sorrisos,
que não chegaram a boca carnuda.
Como de costume o movimento encadeado começou nos pés,
e terminou na nuca, que nunca fora minha.
Seca como um deserto na geada ela se separou da toalha,
Deixando-a atordoada com a quantidade grande de toques em um corpo escultural.
Não há quantidade que valha de toques para me deixar normal.
De careta bem feita, passou o lápis no olho, só pra me sugar mais um pouco.
As bochechas rosadas já faziam a pele corada de sol me dizer por ando andou.
As pernas bem planas queriam mostrar sua perícia no meio do salão.
Assim, de antemão, A morena cremeou-as com emoção.
Aqueles olhos nascentes fizeram em mim um morrer da razão.
Essa se fantasiou de boba e correu para as florestas do meu coração.
Ah que noite bela morena, ah que noite bela.
Ah, minha noite. Por favor, olhe essa morena; desculpa lua, mas ela é mais bela.
Aquele vestido me obrigou a um brinde de vinho, que vinho.
E quando eu disse "Olá, você esta tão bela!"
Ela me disse "Eu sei" e nem sorriu.
De forma singela, "Disse que estava encantado"
Ela me respondeu com desdem nos lábios - os mesmos que habitam meus sonhos-: "Quem dera".
Perdido, eu disse "Estou apaixonado",
Ela respondeu "Já era de se esperar".
Ela fez os dedos delicados se deliciarem com a minha adoração, e me tocou.
Ela me tem na mão.
Eu sou um bobo do coração.
Doente do amor, doente do ar que fica curto vendo ela passar.
Essa morena se chama vida, e vem sempre me visitar.
Essa morena me conquista em cada Olhar.
Essa morena ainda vai me matar.
Essa morena ainda vai me matar.
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