quinta-feira, 22 de março de 2012

E ele começou a dançar super esquisito.
Desengonçado, fazendo caretas e até mexendo o quadril.

Ela riu, ele viu. A timidez sentiu-se.

Alguns grãos de areia depois ela viu que deixou-o do jeito que ela estava, tímida.
E se pegou sendo boba, porque o combinado era que naquela noite eles fingiriam a loucura e seriam eles mesmos em toda oportunidade.
Quando deu por si estava sendo tão desenvolta quando ele, de uma forma muito mais graciosa e contendo uma maior harmonia entre a música e os movimentos. Era uma cena diferente, uma sintonia diferente; algo romântico e descolado. Eles se deixando sentir o som, ao mesmo tempo que sentiam um ao outro e que se sentiam. Parecia que ali existia vida.



 - Eu acho que existe vida sim em outros planetas. Disse ele, sentando-se com os pés enmeiados sobre o sofá de uma forma que a deixava confortável, logo ao fim de um documentário sobre planetas.

- Eu não sei, você acha que eles seriam como? Respondeu ela, limpando com algodão o último cantinho da unha recém pintada de vermelho.

- Você sabe que eu amo sua unha com vermelho puta assim né? Um começou a se formar. Ela deitou a cabeça em seu ombro, rendida. Ele passou o braço esquerdo por cima do ombro e o direito por perto da barriga e seios dela.

Ela se aconchegou, como quando se acende a lareira e se sente a presença do calor bem vindo

O silêncio se quebrou quando ele disse: 

- Não sei como eles seriam, só sei que talvez eles aprendessem muito com a gente e com certeza teriam muito a ensinar. Eles iam adorar nossa música, nossas manias de se enfeitar pra quem gostamos.

- Eu não pintei a unha pra você, seu bobo. Pintei pra mim. Sorriu ela daquele jeito de lado e sem dentes a mostra. Uma expressão que nem parecia sorriso, mas ele sabia que era. O sorriso de provocação e de dúvida. 

Um beijo rápido, um médio e um demorado naquelas bochechas fizeram os dentes aparecer e a boca soltar uma risada gostosa de cumplicidade.

- Eu sei que você pintou pra mim. 

- Como você sabe?

- Porque eu simplesmente sei.

O silêncio constrangedor apareceu, tentou se sentar por perto e foi embora emburrado, já que não conseguiu se impor.

- Eu gosto da sua respiração. Ele sempre dizia coisas estranhas que a faziam pensar e sorrir de felicidade.

- Então me da um beijo pra sentir mais de perto. Ela se virou e um abraço quieto deu lugar a um beijo de encaixe. Encaixe que extrapolava a perfeição com os pequenos gracejos que as vezes surgiam.


Eles dançaram, aprenderam coisas, sorriram juntos, abraçaram, beijaram, se despiram, gozaram, se apaixonaram de novo, se amaram, dormiram, acordaram, discordaram e depois concordaram. Eles viveram um dia perfeito. 

Ele sabe disso, ela sabe disso, o tempo sabe disso. Aquele espaço ficou feliz com isso. Ninguém pode apagar um dia perfeito, ninguém pode ter só um dia perfeito.

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