O obrigado vermelho
E antes de saber se era sol ou chama,
O clarão tomou conta. O mundo virou um porão.
Ela já se viu a atirar naquele poço, sussurrando a um deus
Que aquilo fosse fósforo e não vulcão.
Mas nos olhos via desespero.
Desespero de ter a vida trovejando um não
Enquanto a carne sumiu, a visão formava.
Cada nervo perdido, cada músculo atrofiando
Era uma possibilidade de deixar a cabeça apreciar...
Apreciar a verdade que nunca pudera conter,
por estar preocupado demais tentando sustentar.
Um esqueleto velho, latejante, experienciado pelo tempo.
Experienciando a sanidade da verdade que sempre lhe espreitou.
Tendo o toque da divindade que sempre respeitou,
E ela não tinha barbas, não usava branco e tão pouco era alguém.
Após ver a vida de perto, nada lhe restará além da morte.
Que, na verdade, já tinha se atrasado.
Chegou longe no entender do amor que sentia, chegou longe no demonstrar.
E aqui seus entendimentos se rebatem e rebolam no tempo que ri de tudo.
Como se fosse lenda conseguiu ressurgir com o que acreditou, no fim.
Em outros. Em mim.
E, assim, construiremos com ele, impérios de entendimentos. Sem ele nem mesmo poder sustentar-se.
Mudou o mundo, por mudar-se a si, por amar suas crias, por criá-las para a vida.
Por criar a possibilidade de mais amor.
Por gerar a possibilidade de um entendimento desconectado do sofrer mortal.
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