Barro
De pouco em pouco aqueles olhares tornaram-se pesados
Pedra por pedra a represa desabou...
Cada gota d`agua foi em direção ao seu grão de terra;
Nem um nem outro se esforçou.
Dois anjos, entorpecidos pelo canto da sereia.
Misturaram-se olhares de desejo com carícia nos olhares,
Bateram-se idéias distintas até tudo homogeneizar-se,
Buscou-se o recheio na fonte mais pura que fica sob o raio mais brilhante.
Mas...como no transformar do trigo, a massa precisou de um pouco de descanso.
A luz se apagou por uma era... nessa era:
Loucura e lucidez nasceram xifópagas.
Mas, vagarosamente a loucura enganou a lucidez e a beijou.
A lucidez apoio-se na razão e deu-lhe sua língua e seus braços.
Assustada loucura atacou com seus sorrisos.
A lucidez inebriada pela felicidade alheia amou a loucura e...
Fez dela sua base.
E quando a era se desfez eros já vivia.
Eros vivendo sobreviveu a esperança.
Esperança morreu com o sorriso da realidade.
Realidade vestiu-se de ousadia e transformou-se em destino.
E o destino continua obstinado a soprar a vela do barco iluminado
Que segue num lindo rio, buscando a imensidão.
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