quinta-feira, 8 de março de 2012

Foi uma bobagem...

Cheguei de viagem
Peguei as coisas no carro.
Era um barbeador, um chocolate e minhas balas, sempre companheiras.

Coloquei a Inoroa às costas,
Cigarros e chaves ao bolso.

Tudo comum, o céu estava lindo e a lua tão bela.

Até que um pequeno ruído me encontrou...

Era um pequeno choramingo,
Repleto de desespero e até exprimia um pouco de dor.

Alguns segundos se passaram comigo a ver o que ocorria,
Mas de longe, era impossível imaginar aquela realidade.

Assim que minhas pernas curiosas levaram meu corpo até perto
Eu percebi o que antes estava incerto...

Era um garoto, com as mãos a raspar o chão,

O chão estava repleto de arroz cozido e lágrimas.
Para beber tínhamos uma caixa de leite.

Ele me viu, mas eu não era suficiente para interromper o desespero ou para acalentar a dor.

Mas fui suficientemente estranho para ganhar uma confissão, mesmo sem ter crime.

"O lixo caiu, o saco tava furado" - Lágrimas, um suspiro e um grunhido.

As mãos raspavam o chão áspero, faziam um bolinho de arroz
e viajavam  para um saco plástico aberto, que se alimentava da situação. Mão aberta, lixo ensacado.

Como se aquela fosse a única solução


A felicidade naquele momento fora-lhe negada.

Alagados os olhos não conseguiam ver nada, além da janta não comida.

A casa e o aconchego dos seus não lhe ocorreu, não sei ao certo o porquê.
O riso da situação nunca ocorreu, em nenhum local do universo ouvimos um riso do pequeno.
Fora um momento banguela e sem tônus.

Ao se deparar com parte de sua lei, pôs-se na coragem de tentar se explicar.

Com as mãos sujas, com os olhos aguados e com uma lição aprendida.

Os seus, pouco pareceram se importar com seu desespero e sua dor.

Um ofereceu ajuda, pedindo que ele abandona-se o projeto.
O outro lhe informou que teria que lavar as mãos novamente e reclamou.
Criando uma culpa e colocando em seu amor.

Eu subi, refleti e decidi.
Vou ensinar meus filhos a rir.
Mesmo que sejam as lágrimas tão importantes.

Eu vou ensiná-los a apreciar o amor.
Eu vou ensiná-los que a liberdade é infinita.

Eu vou ensiná-los a varrer.

E ele vai me ensinar que eu poderia amar ainda mais o meu amor.









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