segunda-feira, 9 de abril de 2012

A gripe


O cheiro de pão na manteiga,
O copo com boca úmida da água quente, mas com café preto.


Os quadrinhos lidos, as chaves no bolso.
As horas não vistas na tela riscada do relógio.

O chapéu pesando na cabeça,
A cabeça pesada no chapéu.


A bengala escorada no balcão
Tentando encostar no chão, com quem ela tanto brinca.



Me lembrei de tantas coisas hoje,
Coisas da juventude, coisas da meninice, coisas que não são só passado.


Mas sinto, sinto que estou por esquecer algo importante.


Se eu esqueço algo muito importante, mas tenho a impressão de ter de lembrá-lo a todo momento, eu realmente esqueci?

E tentar mudar o assunto é covardia demais? É em vão?


Por que eu até acho que lembrei, mas passou o tempo que importava ter lembrado.
Passou-se o tempo que importava ser lembrado.

Então vamos esquecer, contudo esquecer é mais difícil que lembrar.


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