sábado, 21 de abril de 2012



Nós temos que ir atrás...


Da pra entender que seria difícil se amor da sua vida fosse uma neandertal, e que vocês fossem separados pela dificuldade tecnológica em reviver quem já passara pela Terra, ou pela dificuldade de você ir até lá. 
Mas calma lá, o mundo tem 7 bilhões de pessoas; vamos excluir as crianças (eu acho que 16/17 nem é mais criança viu...) e as pessoas que já encontraram o seu amor... Pera que o cálculo é difícil, mas sobram em cerca de X bilhões de pessoas (X E R / x = número de pessoas no mundo sem as crianças e sem as pessoas que já encontraram o amor), isso é gente pra caramba.

Então, a minha defesa é que a gente anda pouco, seja na realidade física do andar ou na possibilidade de se colocar em situações que te farão ser movimento.

Sendo assim, se não acharmos quem talvez nós nem procuramos, iremos perder algumas coisas. Perderemos o melhor sorriso compartilhado. Perderemos os melhores dias de chuva, e de sol. Perderemos a espontaneidade inerente à paixão. Perderemos o riso durante o jantar romântico no restaurante chique (por culpa da careta do outro). Perderemos horas de filmes sem conteúdo, mas que servem tão bem para excitar o aconchego em braço alheio ou até mesmo ao sexo; animal ou meigo. Perderemos o café da manhã no meio da tarde ao som de pássaros em um grande jardim. Perderemos a escolha de como a casa do futuro vai ser. Perderemos cães, gatos e periquitos imaginários (que nunca fazem nada de errado). Perderemos uma homenagem que sempre surgirá do mais puro grão de felicidade que nossos parceiros terão. Perderemos uma família que nos toma como importante pelo amor que conseguímos despertar, independente do que talvez realmente somos. Perderemos o momento de observar aquele ser que você divide a vida dormindo e respirando pouquinho. Perderemos a oportunidade de se embriagar com vinho e queijo e fazer o inevitável sexo, que estava explícito no convite. Perderemos a oportunidade de entender que o amor é uma palavra totalmente genérica; que o que sentimos por aquela outra pessoa ali ao lado quando a resposta é sim, não é passível de explicação, muito menos de contenção. Perderemos a música que iremos cantar sem perceber.

Mas eu não sou um romântico, você irá ganhar outras tantas coisas. Ganhará a oportunidade de ir de verde na festa do semáforo. Poderá sem nenhum sentimento de culpa beber todas e se deixar levar pela maré da noite. Estará apto a acreditar que todos os amores deveriam ser 'a la Titanic', intensos e rápidos. Poderá ver sempre o filme que você quer ao ir no cinema. Evitará as brigas inevitáveis. Terá um apartamento com somente o seu gosto. Nunca terá que se injuriar com o que você já falou mil vezes e não foi cumprido. Irá evitar engordar alguns quilos. 

Bom, tem ganhos.


Mas eu digo o que eu sou, eu sou convicto. De que o beijo amorado, seja com amor ou com amora, é melhor do que aquele que outrora beijo outra hora não é. Esse beijo de amor provoca o eterno desejo, que amassa a plenitude, que joga fora aquela perfeição, mas que mostra a felicidade caótica e exótica. Esta felicidade não fará de você imortal nem te protegerá de toda a aflição, mas servirá de vela, te iluminando e te levando nesse mar que você escolheu navegar.


Vale a pena, como disse Guimarães, "qualquer amor é um pouquinho de saúde". Qualquer amor é um pouco de descanso, para alguns para o cérebro, para outros para o coração. 


E é na loucura dessa imensidão que eu sei que me conheço, ao menos um pouco. E que reconheço que sem esse primeiro degrau chamado amor eu seria muito vazio.

(Resumo do diálogo entre Kelvin e Abhay)





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Brigado por comentar.