Algumas histórias de amor têm felizes para sempre.
Eles não casaram entre si, mas casaram.
Faz muitos anos que nunca mais disseram que se amavam, mas disseram "Eu te
amo" muitas vezes. Até “re”-significaram o que aceitavam como amor.
Sem filhos juntos, mas ambos com um casal,
de idades bem distintas. O um dele já conheceu o um dela, rapidamente.
Ainda apreciam a chuva, raramente apreciam
no mesmo momento, visto que moram longe. Nunca deixaram de ver o céu, algo que
tomaram gosto juntos.
Não foram a nenhum dos lugares, que quando
nus na cama, sonhavam em conhecer, mas tem um estranho carinho inconsciente.
Ainda bebem café ao mesmo modo, mas ele
raramente.
Ainda são os organizadores de festas, um
em cada canto, com frequências de festas muito diferentes.
Ainda lembram um do
outro, de uma maneira que não posso descrever, por ser única para cada um, e
diferente entre si. Embora seja curioso saber que algumas vezes sorriem ao
lembrar ou a se ver lembrando.
Não frequentam os mesmos
lugares que antigamente; mudaram os gostos musicais. Foram pai e mãe consideravelmente
distintos, em famílias distintas, com sonhos familiares diferentes “aqui” e
parecidos “ali”.
Talvez nunca mais se
encontrem, talvez um dia sorriam sem perceber, encontrando-se na presença
alheia; numa viagem de trabalho ou turismo, ou os dois. Mas sabem que estiveram
presentes, em uma certa hora desse grande relógio.
E sabem que o
esbarrão que um dia foi dado - lá no passado - foi diferente, nem melhor nem
maior do que os que ocorreram depois. Mas o primeiro, o que mostrou a
possibilidade, o que possibilitou o Felizes para Sempre, mesmo que separados.
"Tu eras também uma pequena folha
ResponderExcluirque tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo." (P. Neruda)